quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Associação dos Lavradores: Lavoura é o «pilar» da economia de São Jorge


A produção de leite para o fabrico do queijo e a criação de gado bovino são duas actividades fundamentais na ilha de São Jorge. Segundo as estatísticas oficiais, só em 2009, a produção leiteira na ilha foi de 29,8 milhões de litros (mais 2,1 milhões do que ano anterior), e foram comercializados quase 10 mil animais, para consumo interno e para exportação, sobretudo para Portugal Continental. «Esta actividade terá de ser sempre o pilar da economia da ilha», sublinha Leonel Ramos, presidente da Associação dos Lavradores jorgense.

Actualmente, na ilha existem cerca de 6250 vacas leiteiras (exclusivas para a produção de leite), perto de 3000 vacas aleitantes (para a produção de carne) e 100 vacas mistas (para leite e carne). Os dados da Associação dos Lavradores indicam também que no ano passado foram exportados cerca de 6500 animais vivos, e foram abatidas na ilha 1815 cabeças, para exportação e consumo local.

No entanto, a actividade atravessa uma crise que os jorgenses não sentiam «há muitos anos», garante o responsável da Associação de Lavradores. Falta alimento para dar aos animais, devido à ausência de erva nas pastagens, que estão alagadas devido ao mau tempo que tem fustigado a ilha nos últimos meses. O Governo Regional dos Açores já criou um programa de apoio ao fornecimento de produtos fibrosos, para alimentar o gado. Até então foram adquiridas 700 toneladas desses produtos, mas «já estão quase gastas», alerta.

O envelhecimento dos lavradores é outro obstáculo à manutenção da actividade, argumenta o responsável. A Associação de Lavradores conta com perto de 250 associados, enquanto que a Associação de Jovens Lavradores tem apenas cerca de 50, números que confirmam a tendência de envelhecimento.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Grupo Folclórico dos Rosais recupera bailes de roda tradicionais

Em 1991, os bailes de roda, tradicionais da ilha de São Jorge, entraram em crise. «Na altura, a tradição praticamente desapareceu», conta Gil Ávila, presidente da Casa do Povo dos Rosais, concelho de Velas. Para fazer renascer os bailes de roda, e o sentido de comunidade que neles reside, a Casa do Povo decidiu criar, em Agosto desse ano, o Grupo Folclórico dos Rosais, com base na recolha de informação feita com a ajuda das pessoas mais idosas da freguesia.

O Grupo Folclórico dos Rosais conta hoje com mais de 40 pessoas, maioritariamente entre os 14 e os 20 anos. «Mas temos pessoas entre os 3 e os 77 anos», conta Gil Ávila, acrescentando que é cada vez mais difícil arranjar rapazes para o grupo. O problema, comum aos vários grupos da ilha, surge na faixa etária dos 17 aos 25 anos. «Os jovens saem para estudar ou trabalhar fora da ilha, e quase nunca regressam», lamenta.

Os elementos do grupo apresentam-se com os trajes antigos da ilha – desde o traje domingueiro, ao fato de camponesa, agricultor, mordoma ou cavaleiro. «Ainda nos falta o sapateiro», aponta Gil Ávila. Os pares dançam ao som dos instrumentos dos tocadores – violão, violono, “viola da terra”, bandolim e cavaquinho – e da melodia da voz dos cantadores.


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Cooperativa de Artesanato de Ribeira do Nabo luta para sobreviver

A Cooperativa de Artesanato Senhora da Encarnação nasceu em 1991, em Ribeira do Nabo, concelho de Velas, na ilha de São Jorge. Os 16 sócios fundadores tinham como objectivo levar o artesanato regional mais longe, através dos bordados, tecelagem e trapologia típicos da “ilha castanha” dos Açores. A Cooperativa contou já com 10 mulheres a fabricar manualmente, ou com a ajuda dos teares, as colchas, panos e toalhas, tapetes, cachecóis, camisolas, luvas e gorros de lã. Hoje, restam três – Ilídia Matos, de 26 anos, a irmã Bernardete, de 39 anos, e Avelina Reis, de 41 anos, que acumula o cargo de presidente da Cooperativa com o de tecedeira.

Através da participação em feiras de artesanato e da presença nas prateleiras de algumas lojas de produtos regionais dos Açores, a Cooperativa tem procurado divulgar os seus produtos dentro e fora da ilha. No entanto, não conseguiu ainda colher os frutos desse esforço.

O futuro desta empresa cooperativa não é risonho. «Não vejo ninguém com vontade e capacidade para assumir o projecto», lamenta Avelina. Com a quebra nas vendas, que só em 2009 desceram para 50 por cento, e com a falta de interesse dos jovens pelo artesanato, a responsável antevê um «futuro negro» para a Cooperativa, admitindo mesmo fechar portas caso o cenário não melhore até ao final de 2010.


Pastelaria Soares dedica-se ao pão e doces regionais de São Jorge


A Pastelaria Soares abriu portas há cerca de 15 anos na freguesia da Urzelina, concelho de Velas, São Jorge, para se dedicar à confecção dos doces típicos da ilha. No entanto, Guiomar e Fernando Soares, os proprietários, cedo se aperceberam que o negócio teria de passar também pela venda do pão caseiro.

Hoje, nas instalações da Pastelaria Soares, as quatro funcionárias – duas delas filhas do casal – fabricam diariamente o pão caseiro, pão de centeio e pão de sete grães, dedicando também especial atenção aos doces regionais. «As rosquilhas de água ardente, a rosquilha branca e as espécies são as mais procuradas pelos turistas», explica Guiomar Soares.

Mas ali faz-se um pouco de tudo: bolo de véspera (bolo típico das festas do Espírito Santo, mas vendido em fatias triangulares), pães de leite, bolo inglês, esquecidos, suspiros, e as famosas D. Amélia, muito apreciadas pelos continentais.



quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Padaria e Pastelaria Brasil fabrica doces típicos da ilha de São Jorge



Fátima Brasil lançou-se no negócio da padaria e pastelaria em 1996, fazendo o pão caseiro e as bolachas secas no forno a lenha que tinha em casa. Dez anos depois, mudou o negócio para as instalações que hoje acolhem a Pastelaria e Padaria Brasil, na freguesia do Topo, na ilha de São Jorge, e hoje tem já sete mulheres a trabalhar consigo. As famosas espécies de São Jorge, feitas à base de pão ralado e com um sabor forte a funcho (erva doce), são as mais procuradas pelos turistas que visitam a ilha, sobretudo nos meses de Verão.

Mas na Padaria e Pastelaria Brasil fabricam-se também os esquecidos, os coscorões – muito apreciados nas festas do Espírito Santo -, as rosquilhas brancas e de água ardente, os caramelos, os suspiros e os torresmos, entre outra doçaria.

Diariamente, a padaria fabrica e distribui os produtos nos mercados da ilha, e vende também para as ilhas vizinhas do Pico, Faial e Terceira, estando também já nas prateleiras da Loja dos Açores, em Portugal Continental. Agora, «gostaria de exportar para outros países, sobretudo os esquecidos, as espécies, as rosquilhas fervidas, e as bolachas recheadas», afirma Fátima Brasil.





terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Grupo de Cordas de Manadas (Velas - São Jorge) divulga folclore açoriano


Criado em 1997 com base na escola de música da Casa do Povo de Manadas, nas Velas, São Jorge, o Grupo de Cordas tem como missão perpetuar a música regional açoriana e os sons populares portugueses. Já teve 21 elementos, mas hoje restam apenas nove pessoas. Com idades entre os 16 e os 31 anos, os elementos do grupo tocam o violino, o bandolim, a guitarra clássica e a “viola da terra”.

Comandados pelo maestro Agostinho Azevedo, que é também o professor na escola de música, já tocaram em outras ilhas açorianas – Pico, Faial e Horta -, no arquipélago da Madeira e nos Estados Unidos da América, mas nunca foram a Portugal Continental. A escola de música, que aceita alunos a partir dos oito anos, tem hoje 15 estudantes, que Agostinho Azevedo gostaria de ver integrarem o grupo de cordas.



Grupo de Cordas de Manadas



quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Açores - SÃO JORGE - A ilha castanha rodeada de azul por todos os lados


Clique para ampliar o mapa
A ilha de São Jorge é conhecida como a ilha castanha, pelas rochas nas pontas dos rosais.
Esta ilha situa-se no centro do Grupo Central do Arquipélago dos Açores, separada da Ilha do Pico por um estreito de 15 km - o Canal de São Jorge. A ilha tem 53 km de comprimento e 8 km de largura, sendo a sua superfície total de 237,59 km² com uma população de 10 500 habitantes (2001).

Administrativamente, a ilha é constituída pelos concelhos da Calheta, com 5 freguesias, e Velas, com 6 freguesias. Possuí 3 vilas: das Velas, da Calheta e do Topo.

Vila da Calheta

Vila das Velas

A grande particularidade desta ilha são as Fajãs (termo de origem obscura que designa um terreno plano, em geral cultivável, de pequena extensão, situado à beira-mar, formado de materiais desprendidos das arribas ou por deltas lávicos resultantes da penetração no mar de escoadas de lava provenientes da vertente).

Fajãs

Economia e Produtos Regionais de São Jorge:

Fonte da Secretaria Regional da Agricultura garantiu à Lusa que no ano de 2008 foram fabricados cerca de 2350 toneladas de queijo certificado na Ilha de São Jorge, tendo sido entregues mais de 27 milhões de litros de leite nas várias cooperativas pelos 434 produtores da ilha.


Reconhecido a nível nacional e internacional, o queijo de São Jorge é considerado como “a riqueza da ilha”, sendo consumido um pouco por todo mundo, mas em especial no continente americano, na região dos Açores e em Portugal Continental.
Fonte: http://www.azoresglobal.com/canais/noticias/noticia.php?id=19235

Espécies de São Jorge (doçaria) - Doce tradicional da ilha, muito conhecido e apreciado, feito à base de erva-doce e pão torrado.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Artista Participante: MISSÃO EUROPA - Finlândia


Formada em Artes Plásticas, pela Universidade da Madeira, Tânia Alves, é uma jovem pintora natural de São Pedro - Funchal, que reflecte na sua Obra uma natureza "incendiária" de tons tão autênticos como "hipérbolescos". Utilizando texturas para vincar ainda mais a essência arrojada das suas telas.



Exposições Colectivas:
2004 - "Ritos & Ritmos", Museu Casa da Luz, Funchal
2001 - Exposição de Fotografia, Grutas de São Vicente, São Vicente - Madeira
2000 - Cartaz Individual: "1º Concurso Regional do Consumidor Estudante", Praça do Colombo, Funchal
1999 - II Salão de Artes Plásticas da Madeira, Museu da Electricidade, Funchal


s/Título
Acrílico s/ madeira, 59 x 80 cm




















Paisagem
Acrílico + Pastel s/ madeira, 70 x 70 cm

s/ Título
Acrílico + Pastel s/ madeira, 80 x 61,5 cm

Gelo
Acrílico s/ madeira, 74 x 47 cm


Terra
Acrílico s/ madeira, 74 x 47 cm

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Consulado Honorário da Madeira - dos mais antigos da Finlândia

O primeiro Cônsul Honorário na Madeira foi nomeado para o cargo em 1921, o que faz deste Consulado um dos mais antigos desde a independência da Finlândia. Uma representação dos interesses da Finlândia na Região Autónoma portuguesa com três gerações de Cônsules Honorários.
Escrito por: Cônsul Honorário, Dr. Carlos Marcelo Gomes Correia


O actual Cônsul, Dr. Carlos Marcelo Gomes Correia - Advogado e pós graduado pela Universidade Internacional de Lisboa, foi nomeado para exercer as funções de Cônsul dia 21 de Novembro de 2007. Exerceu durante 10 anos actividades profissionais na sociedade de Advogados – “Teixeira de Freitas, Rodrigues e Associados” e em Empresa de Management ligada ao Centro Internacional de Negócios da Madeira, denominada “Madeira Corporate Services”. Actualmente, possui o seu escritório no Funchal, onde exerce advocacia, tendo muito boas relações e representações de entidades estrangeiras, que operam na Região Autónoma da Madeira. Vai, certamente, continuar a obra de seu pai e seu avô, em prol do bom nome, divulgação e defesa dos interesses da Finlândia e das relações institucionais desta com Portugal.
Fonte: http://www.finlandia.org.pt/

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Participante MISSÃO EUROPA - FINLÂNDIA: Santa Catarina Ind. Conserveira SA


A empresa Santa Catarina Ind. Conserveira SA, produz:
- Filete de Atum em Azeite
- Posta de Atum em Óleo e ao Natural (agua e sal)
- Pedacinhos de Atum em Óleo
- Sangacho de Atum em Óleo

Apenas trabalham com Atum (Skipjack Tuna), pois é a matéria prima que apresenta biodisponibildade em São Jorge e em todos os Açores. O peixe é basicamente proveniente da pesca local durante todo o período de safra. Os formatos que produzem vão desde o 120/125 gramas (vulgo 1/4 club), latas redondas de 200g, 400g, 800g, 1710g, 2450g e 3000g. Os formatos de 1710g, 2450g e 3000g, são os famosos "tamborellos" que produzem para Itália cujas latas têm um diâmetro de 214 mm. O Filete em Azeite, por uma questão de apresentação das peças inteiras apenas é embalado em latas de 1/4 club (120 ou 125 gramas) e em latas redondas de diâmetro de 214 mm.











Maria João Brissos
Dir. Comercial & Marketing

Santa Catarina Ind.Conserveira SA
Rua do Roque, 9
850-079 Calheta
São Jorge - Açores

Tel: 295 416 220
Fax: 295 416 814



quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

1ª Fase - 1ª Viagem à Finlândia

Asko Numminen
Embaixador da Finlândia em Portugal
Excerto da entrevista a Asko Numminen dada à revista POLITIKA:
Por: Vanda Mendonça - Out. 2009

RP – Tomou posse, recentemente, da representação diplomática em Lisboa. Como é que tem sido esta fase inicial?
Digamos que tive um bom começo. Eu e a minha mulher temos sido recebidos de uma forma muito carinhosa por Portugal. Eu comecei a desempenhar as minhas funções em Setembro e tive os primeiros contactos com o Governo Português, com empresas, com a comunidade diplomática e com a comunidade da Finlândia, em Portugal. Eu diria que todas as pessoas que estão a trabalhar na Embaixada da Finlândia em Portugal são pessoas bastante profissionais e motivadas pelo trabalho que desempenham.
RP – Qual é o maior factor de aproximação entre a Finlândia e Portugal?
Existem muitos factores que fazem com que a Finlândia e Portugal sejam países muito próximos em termos de parcerias e de amizade. Em geral, os valores comuns da Europa, as ideias e objectivos são muito fortes. A Finlândia acha que Portugal tem um papel importante nas relações com a União Europeia (UE). O outro factor comum é o interesse dos finlandeses em experimentarem este país bonito e acolhedor. A imagem de Portugal na Finlândia é muito positiva e muitos finlandeses gostam de visitar Portugal todos os anos e muitos ficam durante um período mais alargado durante o Inverno rigoroso da Finlândia. Naturalmente, existem muitos factores de união entre os nossos países que estão relacionados com a tradição das boas relações, dos investimentos e da cultura.
RP – A posição dos países membros da UE é assumida pelo poder económico e político que cada país assume a nível mundial. Como é que este poder pode influenciar as decisões quer no Parlamento Europeu (PE) quer na Comissão Europeia (CE)?
Naturalmente, o poder económico e político de cada país é reflectido no papel internacional do país em causa. E mais. Penso que países pequenos podem ter uma influência positiva nas relações internacionais. As relações diplomáticas, como nas Nações Unidas, é muito importante o voto dos países e é importante exercer as influências aqui. Nós temos verificado que, também na EU os pequenos países têm uma grande influência. Normalmente, a rotatividade dos presidentes da UE têm mostrado bons resultados. O novo tratado da UE que tem o nome de Tratado de Lisboa foi o maior "feito" da Presidência da União Europeia. Portugal tem um importante papel nas relações dentro da Comissão Europeia (CE) e, por isso, os pequenos países têm que estar unidos e focar-se nas relações entre os parceiros.

Vista geral sobre Helsínquia

Parlamento

Museu Kiasma

Ruas de Helsínquia

Moinho típico em madeira

Mercado

Casas típicas finlandesas

Astrid Thors - Ministra dos Assuntos Europeus
Excerto da entrevista de Astrid Thors dada à revista POLITIKA:
Por: Marisa Dias Antunes - Out. 2009
RP – Que importância é assumida pela Finlândia nestas relações entre Estados-Membros da UE?
A Finlândia tem sido um modelo no que respeita ao modo como são geridas as relações políticas. Oiço, diversas vezes, as pessoas dizerem, na Croácia, na Eslovénia e na Bulgária que "nós estamos a copiar o vosso modelo". Penso que o nosso caminho é seguido por muitos países que entram na UE. Alguns dos nossos métodos são muito bons.
Por outro lado, existem algumas áreas importante em que a Finlândia ainda está a evoluir, a inovar e a crescer, como por exemplo, no sector bancário e no sector da inovação. A UE tem questionado muito a Finlândia sobre as estratégias de inovação.
Jorma Korhonen - Director Geral do Departamento para as Relações Económicas Externas

Excerto da entrevista de Jorma Korhonen dada à revista POLITIKA:

Por: Marisa Dias Antunes - Out. 2009

RP – Como caracterizaria o poder Político, Económico e Comercial da Finlândia na cena internacional?
A Finlândia é um país pequeno. No entanto, eu penso que poderemos dizer que temos, talvez, uma grande influência nos mercados internacionais. Tendo em conta toda a história da Finlândia, verificou-se, nos últimos anos, uma transformação da nossa economia num sentido construtivo e evolutivo. Apesar de, muitas vezes, esta transformação na estrutura económica da Finlândia não ter acontecido, exactamente, como gostaríamos que fosse. No que respeita a exportações a nossa maior exportação já não é o papel e isso reflecte uma evolução em termos de mercado externo. A nossa estratégia assentou, sempre, em políticas comerciais com vista a abertura para outros mercados internacionais. Nós acreditamos, e eu acredito, que a Finlândia não é "o poder" mas acredito que tem uma importância bastante significativa nas relações comerciais comparativamente com outros países. Acredito que a Finlândia possa fazer parte desse poder que a UE tem. E a UE, no que respeita ao lado da economia, é um grande jogador. Mas não pode agir sozinha e os EUA também não. Apesar disso, quando falamos em decisões económicas penso que a UE tem uma boa posição. Eu diria até, uma boa audição em matéria de decisões económicas.

RP – Em termos de relações comerciais, como classificaria a importância do mercado português nas relações com a Finlândia?
Portugal apresenta-se como um pequeno mercado comercial e em termos de percentagem de exportação eu diria que representa uma pequena parte dessa fatia comercial. No entanto, no último ano, Portugal tem aumentado as exportações para a Finlândia. Eu penso que Portugal, no que respeita a relações comerciais, é uma figura modesta e, por vezes, é difícil mudar, estruturalmente, essa posição em termos de mercado comercial. No entanto, no que respeita ao Turismo, Portugal tem evoluído positivamente e tem apostado em diferentes formas de Turismo e isso tem-se tornado, cada vez mais expressivo dado o aumento da afluência, por exemplo de Espanha e de Itália, ao Turismo português.

RP – Acha mesmo que tem existido esse aumento?
Comparando com outros locais turísticos como Maiorca e Torre de Melinos penso que sim. Por exemplo, em Espanha os prédios são muito altos. Em Portugal, as casas são mais pequenas, mais acolhedoras e acho que isso é uma boa estratégia de desenvolvimento de um Turismo mais expressivo. Mesmo com uma pequena percentagem de turistas, Portugal tem, sempre, uma entrada de receitas considerável no que respeita ao Turismo, como por exemplo no Golf. Penso que o Turismo em Portugal é um Turismo Natural e isso é difícil de encontrar em outros países.

Pertti Torstila - Secretário de Estado do Ministério dos Negócios Estrangeiros

Excerto da entrevista a Pertti Torstila dada à revista POLITIKA:

Por: Marisa Dias Antunes - Out. 2009

RP - Acha que a Política Externa de um país é um dos elementos prioritários e fundamentais na definição do poder de uma nação?
(...)A Finlândia é um país pequeno com, apenas, 5 milhões de habitantes. Nós somos um dos 27 Estados Membros da UE e temos que ter uma atitude real sobre a nossa importância na UE e no resto do mundo. Mas sim, a Política Externa é muito importante para a Finlândia até porque a Finlândia foi parte da Suécia durante 600 anos, até 1809. Depois fizemos parte da Rússia por quase 100 anos. E, finalmente, tornámo-nos independentes em 1917. Somos uma nação recente. E, portanto, a Política Externa da Finlândia teve, sempre, um papel fundamental e, provavelmente, decisor comparativamente com outros países que não têm uma história idêntica à da Finlândia. Nós tivemos, sempre, uma acção de oposição relativamente ao Oriente e, por isso, a segurança e a Política Externa sempre assumiram um papel preponderante na defesa, manutenção e definição do perfil da Finlândia. (...) Temos que ser razoáveis quando falamos do poder de um país. No que respeita à UE, agora somos 27 Estados Membros, e quem sabe amanhã 35, e a Finlândia quer continuar a participar activamente nas acções úteis para todos os Estados Membros. Ainda falando sobre o "poder" de um pais, por exemplo Portugal tem 10 milhões de habitantes, é um país pequeno, no entanto tem prestado um bom serviço na UE e penso que a Finlândia também. Por isso, eu acho que os pequenos países podem ser muito úteis e activos em assuntos decisores, quer eles sejam económicos, sociais, políticos ou culturais.

RP – Uma maior cooperação económica entre a UE, a Ásia e os EUA pode reflectir um estimular, não só das relações económicas como também políticas e culturais entre estes Continentes?
Uma cooperação económica pode estimular as relações entre os países porque nós somos países interdependentes num mundo globalizado. Quer seja em termos de energia, em termos de alterações climáticas, ou noutras áreas. Por exemplo, a crise financeira é um assunto global e afecta-nos a todos e não só à Finlândia ou a Portugal. Temos que encontrar soluções de uma forma conjunta. Olhando, por exemplo, para os países do Báltico e para países como a Lituânia e a Estónia, onde o PIB (Produto Interno Bruto) caiu entre 10 a 15% é possível avaliar a situação dramática destes Estados. Estes países nunca vão conseguir ultrapassar essa crise financeira e económica sem a nossa ajuda. Por isso, a UE tem um papel muito importante nestas situações. Se nós optarmos por resolver os problemas económicos comuns de uma forma conjunta as probabilidades de fazer uma boa cooperação política, social e cultural aumentam e o mundo torna-se mais unido.

RP – Como é que classifica as relações entre a Finlândia e Portugal?
Nós encontramo-nos na UE primeiro, porque tínhamos que preparar os nossos planos em conjunto. E muitos programas continuaram depois da passagem da Presidência da Finlândia para a Portuguesa. Mas, claro, que nós já nos conhecíamos das relações bilaterais. Portugal sempre foi importante para o Turismo da Finlândia. Vocês têm o maravilhoso sol e o fantástico fado. Quando vou a Lisboa eu vou sempre visitar uma Casa de Fado. Muitos finlandeses vão a Portugal à procura das diversificadas ofertas de Turismo. Para além disso, nós somos, os dois, países pequenos e por isso temos que ser bons. Grandes países, normalmente, têm grandes recursos ao contrário dos pequenos países que têm que trabalhar muito para alcançarem algo mais. A Finlândia e Portugal fizeram muitas coisas em conjunto. Somos dois países pequenos na UE mas ambos acreditamos no projecto da UE. E queremos uma UE cada vez mais forte.

Sari Essayah - Eurodeputada
Excerto da entrevista de Sari Essayah dada à revista POLITIKA:
Por: Marisa Dias Antunes - Out. 2009
Sari Essayah integra a lista das representações da Finlândia no Parlamento Europeu (PE), pelo Grupo do Partido Popular Europeu (Democratas – Cristãos). É membro da Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais, da Delegação para as Relações com Israel e da Delegação à Assembleia Parlamentar Euro - Mediterrânea.
RP – A Finlândia está representada no Parlamento Europeu (PE) através de 13 Eurodeputados, na grande maioria mulheres. No entanto, existem alguns países que não têm, maioritariamente, uma representação feminina. Acha que esta decisão faz parte de uma estratégia de acção Política, Económica e Social?
Eu diria que essa representação deve-se à história da Finlândia. A Finlândia foi o primeiro país a permitir que as mulheres tivessem não só o acesso a direitos políticos como, também, acesso ao direito de voto e à possibilidade de candidatarem-se a cargos políticos. Isto em 1906.
E é claro que quando o Estado permite que todos os seus cidadãos tenham acesso aos mesmos direitos políticos, e quando o Estado trata da mesma forma todos os cidadãos é, sempre, um passo mais à frente em termos económicos, políticos e sociais.
RP – O Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, Pertti Torstila, disse, à Polítika, que muitas vezes é preciso ter uma mulher na liderança para que as decisões sejam tomadas de uma forma mais persistente e forte. Concorda com esta posição?
Sim, podemos dizer que isso talvez aconteça. A sociedade é composta por 50% de homens e 50% de mulheres. Assim, é necessário que as mulheres também assumam um papel importante em termos políticos. Acho que tanto os homens como mulheres devem estar representados de forma igual.
RP – A União Europeia (UE) assume-se como um Continente formado por países com diferenças estruturais a nível do poder político e económico, diferenças que estão directamente ligadas com a influência que cada país exerce perante os membros da UE e do resto do Mundo. Como caracterizaria o poder da Finlândia na UE?
Se olharmos para os números, a Finlândia tem apenas 13 deputados no Parlamento Europeu (PE). Somos uma nação pequena quando nos referimos ao número de habitantes da Finlândia. Mas eu diria que nós temos um poder superior que vai mais longe e que não pode ser analisado pelo número de deputados finlandeses no PE. Eu diria que a Finlândia tem feito um bom trabalho em termos de política. Estas políticas são respeitadas pelos restantes membros da UE e pelos seus políticos. Quando um país tem uma boa governação política e quando o trabalho é feito, sempre, num sentido positivo, conseguimos, sempre, um poder superior comparado com aquele que temos apenas em questões de números. Penso que a nossa influência assenta nas boas políticas dos nossos governantes.

Sauli Feodorow - Embaixador dos Direitos Humanos para a Democracia

Excerto da entrevista de Sauli Feodorow dada à revista POLITIKA:

Por: Marisa Dias Antunes - Out. 2009

Foi Embaixador da Finlândia em Portugal, entre 2005 e Julho de 2009, e assume, desde Setembro de 2009, as funções de Embaixador dos Direitos Humanos e da Democracia, na Finlândia. Sauli Feodorow preocupa-se com os Direitos Humanos no sentido de "conseguir uma cooperação com os Governos de alguns países," assumindo-se em estado de alerta a tudo o que acontece no mundo porque "quando falamos em Direitos Humanos falamos numa multiplicidade de direitos que devem ser respeitados e defendidos." Caracteriza as suas actuais funções como "importantes não só para a Finlândia como para todos os Estados que representem, através desta função, a defesa dos Direitos Humanos em todo o mundo." Reitera que "apesar de apenas 8 países na União Europeia (UE) terem um embaixador para os Direitos Humanos e para a Democracia, existem outros países, que não pertencem à UE, que têm, há muito tempo, este departamento. São exemplos disso, a Noruega e o Japão".Fala da Democracia, dos Direitos Humanos e da felicidade.

"O Primeiro-Ministro de Portugal, José Socrates, esteve, recentemente, na Finlândia, e nós discutimos a crise económica e financeira que está a ter consequências negativas não só na Europa como também no resto do mundo(...)". "(...) Mas para além disso eu penso que a flexibilidade é outra das nossas características muito importantes. Nós somos um país pequeno e somos extremamente flexíveis no que respeita a factores de mudança. Mas também não acho que é por sermos demasiadamente flexíveis. Eu acho que a Finlândia foi, muitas vezes, forçada a adaptar-se a algumas mudanças. Ou nos adaptamos ou desaparecemos porque as condições alteram-se. A Finlândia não teria sobrevivido se não estivesse habituada a mudanças. Penso que é por isso que a Finlândia teve sucesso com a independência. Por exemplo, quando houve a mudança relacionada com o Euro a Finlândia sempre foi muito receptiva a esta mudança. E porquê? Porque a Finlândia já utilizou diversas moedas e o Euro não trouxe nada de novo nesse aspecto de mudança. Penso que não poderemos dizer que estamos satisfeitos com todas estas alterações, no entanto, acho que sempre nos adaptámos, bem, a todas estas alterações".